Trata-se o Colégio de Jesus, de um edifício que sofreu múltiplas intervenções ao longo da sua vida, o que fez chegar aos nossos dias um conjunto marcado por sobreposições de valor diferente (algumas desconexas e claramente perturbadoras). No entanto, vale a aceitação dessa realidade, pelo testemunho que fornece sobre as diferentes épocas (mesmo quando eventualmente põem em causa a unidade do conjunto) pela possibilidade de propiciar ao público a leitura histórica dessas sobreposições, descodificando os diferentes tempos da vida do edifício. Paralelamente a esta questão central, é também aspecto estratégico deste projecto, a recuperação da clareza arquitectónica que podemos encontrar nos registos gráficos mais antigos do conjunto Jesuítico, onde uma insuperável coerência, unidade e disciplina espacial (métrica-espaço-circulação), nos fornecem pistas para a recuperação de alguma lógica perdida, particularmente na configuração dos espaços de distribuição.

Em boa medida, uma parte substancial desta estratégia reside mais num processo de subtracção de elementos estranhos ou desconexos, do que propriamente de adição de elementos novos. Estes, contudo, surgem pontualmente em pontos estratégicos e em harmonia com uma leitura cuidadosa das condições particulares de cada espaço. Ou seja, paralelamente à experiência do universo expositivo, que coloca o visitante perante uma realidade rica e diversa, porém tendencialmente unitária, a experiência do discurso arquitectónico deverá revelar idêntica complexidade, num corpo renovado do edifício cuja “coerência mesclada“ agora se pretende resgatar.