Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola
0447-ARX-PT-2012
Architect: ARX Portugal Arquitectos
Status: Competition (2012)
Visualizer: Studio
Scale: 3.735 ㎡ Medium
Types: Education, Library

Localização

A Biblioteca Municipal funciona actualmente num lugar de centralidade por excelência, onde se cruzam a antiga EN, espinha dorsal rodoviária do país e a Av. Jorge Vasconcelos, principal eixo da modernidade grandolense, que liga o centro à Estação. É por isso um local particularmente adequado à implantação do novo edifício, uma requalificada e ampliada Biblioteca e Arquivo Municipal, instituições que vão para além destas funções restritas, com ambiciosos programas expositivos, que marcam presença regular nos calendários da Cultura à escala nacional.A praça que lhe está adjacente foi sempre um espaço simbólico de referência, estabilizado tanto no seu desenho como no frondoso conjunto arbóreo (palmeiral). Era ponto obrigatório de passagem para muitos portugueses nos movimentos pendulares norte-sul e ficou por isso na memória colectiva do país.

Edifício Existente

As actuais necessidades de acessibilidade aos edifícios públicos e os requisitos técnicos de um equipamento destas características, levou-nos a uma detalhada análise do existente e ponderação da relação custo-benefício da sua reincorporação parcial adaptada. Do ponto de vista patrimonial arquitectónico, não é um exemplar de particular excepcionalidade. Do original, de desenho modesto e proporção elegantes, restam apenas duas paredes já bastante alteradas. Mais problemático na óptica da nova intervenção é a cota de piso que pressupõe (sobrelevada), que inviabiliza uma acessibilidade integral, facto posteriormente agravado na ampliação de 80. As dificuldades da sua manutenção e reincorporação no novo edifício, tanto no tempo como no investimento, bem como a dificuldade de a partir dessa opção poder resultar uma estrutura integrada e funcional para os próximos 30/40 anos, leva-nos a concluir e sugerir como mais vantajosa a sua remoção integral e substituição por um novo edifício, coerente e nivelado, que refunda um novo tempo patrimonial e urbano, assente na memória mas com um pé no futuro.

Integração Urbana

Como abordagem preliminar realizou-se um estudo cadastral do núcleo histórico da vila, tendo em conta que será sempre delicado inserir uma massa construída de tão grande escala num contexto de parcelas de pequena dimensão. O projecto terá, na nossa óptica, que procurar articular estes dois vectores em aparente contradição: o contexto e a contemporaneidade. Nesse sentido, a estratégia de projecto assenta num preenchimento sistémico da massa edificável, escavada por pátios que reduzem a edificabilidade e tornam afável a sua vivência interna. Mantém-se um perímetro de forte presença de massa, típica das arquitecturas do sul, mas de luminosidade interior suave e filtrada. Esta condição garante uma cativante ambiguidade perceptiva das relações fora-dentro, enquanto no exterior o edifício procura uma imagem institucional unitária, que se adapta à escala fundiária da envolvente por um conjunto de dobras sistemáticas da sua fachada: um EDIFÍCIO-LIVRO.

Relação com a Praça

O edifício materializa-se como um grande mas delicado sólido branco, de base transparente e fluida, que se coloca de frente e à escala da Praça da República, assumindo-se como o seu prolongamento natural pela proposta de fecho da rua. A relação vivencial do edifício com a vila renova-se e intensifica-se. A praça ganha um novo sentido, criando condições para que a nova Biblioteca se torne literalmente na “sala de estar” da vida quotidiana dos grandolenses.A suspensão de mezaninos, as entradas de luz zenital ou indirecta e os pátios ajardinados, conferem ao edifício um carácter etéreo e leve que convida a permanências alongadas. O Átrio é o ponto de encontro, aqui se cruzam todos os acontecimentos. Funciona como espaço de expansão expositiva e de prolongamento espacial da praça. A cafetaria reforça esta intenção de articulação, permitindo que a sua esplanada se aproprie da praça.Propõe-se naturalmente um redesenho da pavimentação e mobiliário urbano, em que se procurará manter a totalidade do palmeiral existente.

Construtividade

Dada a natureza programática do edifício, optou-se por sistemas construtivos maioritariamente secos, mais adequados às características fortemente higroscópicas do papel. Nas paredes exteriores propõe-se o uso de betão pré-moldado branco. Esta tecnologia possui grande qualidade estética, para além de elevada resistência mecânica e necessidades de manutenção reduzidas.A solução estrutural prevista para os pisos elevados traduz-se num sistema metálico tridimensional de 9,0m de altura, composta por treliças planas perpendiculares entre si. Os acabamentos interiores do pavimento e tectos conferem um ambiente amplo, simples e luminoso ao espaço, construídos em resina contínua de acabamento mate e laminados abertos suspensos de MDF lacado, respectivamente. O seu aspecto sóbrio e resistente garantirá grande facilidade de manutenção, permitindo acomodar os sistemas de correcção acústica, bem como de ocultação de infraestruturas eléctricas e de tratamento de ar.

Team: José Mateus, Nuno Mateus | Collaborator: Sofia Raposo, Joana Pedro, Fábio Cortês, Bruno Martins, Fleury Baptiste, Miguel Torres, António Coxito | Engineer: SAFRE, Estudos e Projectos de Engenharia Lda e Energia Técnica, Gabinete de Engenharia Lda | Post date: 31/08/2013 | Views: 2.728